Ato dois
Sexto dia
Do sétimo mês
Do oitavo ano
Do segundo milênio
Estavam todos festejando os primeiros raios de sol, estavam todos lá! Os passarinhos, os peixes, o mar, a cidade ainda iluminada, sem esquecer dos morcegos fugindo dos jatos de luz. Pois é, perdi tudo isso por ainda estar contando os carneirinhos.
Abro os olhos, já fim de manhã, bem pertinho do meio do dia, mas ainda com todo o corpo pedindo pelo menos mais duas luas de sono. Levanto como um sonâmbulo e vou em direção ao castigante, vil e feroz banho de água fria, uma verdadeira tortura, era bem nessas horas que eu queria estar na Europa só para ter de tomar um belo banho de perfume, frio.
Mal levanto, já começam as obrigações do dia, mas prazeroso por estar ao lado da pessoa que amo. Volto ao meu castelo, só que há algo de diferente em mim, algo novo, algo que me fazia arrepiar, que me fazia sentir bem. Ligo o aparelho que ainda persiste em tocar o som daquela pessoa que jaz em paz, mas que estava ali persistente conversando comigo até que o astro rei sucumbisse às margens do rio Sanhauá escorado as paredes do Hotel Globo, imagem essa que nem nosso inimigo alemão Alzenheimer poderia fazer qualquer que seja esquecer.
Havia um bom tempo em que a família real deliciava-se de um banquete ao som daquela mesma pessoa que vive dentro do aparelho de som. Risos, conversas, fuxicos. Pessoas que voltavam daquela felicidade que eu tanto buscara, mas sem sucesso.
Cores, tudo muito colorido me cercando como os planetas no sistema solar.
Mais fuxicos, preocupações, pensamentos positivos, e uma boa dose de conversa com a pessoa que lhe teve ao ventre por meses persistentes e mais uma boa dose da erva para dormir. Sono este que não chega! Nem mesmo sob efeito do rosário apressado nem de reza de Nossa Senhora da Conceição.
Arte, tecnologia, fumaça, limpeza, e, sono.
Segundo
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